segunda-feira, março 12, 2007

Inverno

«Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim;
Depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas;
Depois de ter inundado os fossos com água envenenada;
Depois de ter edificado minha casa no rochedo dum NÃO inacessível aos afagos e ao medo;
Depois de ter cortado a língua e logo a devorar;
Depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo a meus amores;
Depois de ter esquecido meu nome e o nome de minha terra natal;
Depois de me ter julgado e condenado a perpétua espera e a solidão perpétua,
Ouvi contra as pedras de meu calabouço de silogismos a investida húmida,terna, insistente, da Primavera»

Octávio Paz

6 comentários:

un dress disse...

como há um ano atrás.

os ecoS da

primavera

súbitoS

inadiáveiS

ur-gen-teS-------------------------


i-r

Bandida disse...

há sempre a linha imaginária da tempestade.



B.
____________________________

Letras de Babel disse...

a primavera que, como um deus qualquer, nos obriga a viver...

c.bruno disse...

Impossível fugir dela. *

un dress disse...

mas não...podes fugir!

fugiste...? ~

Letras de Babel disse...

sim..onde andas?